ESCRITORA AMARA MOIRA LANÇA O LIVRO ‘NECA’ PELA EDITORA ‘O SEXO DA PALAVRA’

A escritora Amara Moira lança em julho pela Editora O Sexo da Palavra o livro Neca, o terceiro de sua carreira. O título está em pré venda aqui. No monólogo “Neca”, uma travesti já um tanto vivida conta histórias absurdas que a prostituição lhe proporcionou, junto refletindo sobre amor, hipocrisias da sociedade, fantasias sexuais inusitadas e o que significa ser travesti.

A protagonista não é uma ativista desconstruída ávida por utilizar o jargão oficial da militância, então não esperem nada, absolutamente nada nesse sentido. Com relação à linguagem, eis aqui o bom e velho pajubá: dialeto formado a partir do iorubá utilizado por religiões de matriz africana, mas, por ser a comunidade travesti marcada pela migração, ele ainda incorpora o português de todos os cantos do Brasil e palavras de idiomas onde existe uma presença marcante nossa, como é o caso da Itália, França e Espanha. Um caldeirão linguístico, portanto, mas caldeirão que inúmeras travestis reproduzem cotidianamente.

Os poemas que acompanham a obra são composições que a autora vem escrevendo há pelo menos quinze anos, data de seus primeiros contatos com a cultura travesti e boa parte deles foi escrita quando ela sequer imaginava que um dia transicionaria. Importante mencionar ainda a presença de três figuras importantíssimas da atual geração trans: Amanda Palha assina o prefácio, Caia Maria Coelho o posfácio e Lino Arruda duas ilustrações para o monólogo. Marcelino Freire, gigante da literatura contemporânea, assina a contracapa da obra.

Amara Moira (1985, Campinas/SP) é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp (com tese sobre as indeterminações de sentido no Ulysses, de James Joyce) e autora do livro autobiográfico E se eu fosse puta (hoo editora, 2016), do capítulo “Destino amargo”, incluído na obra Vidas Trans — A coragem de existir (Astral Cultural, 2017), e do monólogo em pajubá “Neca”, publicado na antologia LGBTQIA+ A Resistência dos vagalumes (Nós, 2019) e reimpresso aqui pela primeira vez em volume solo. Acompanham o monólogo vinte poemas compostos desde seus primeiros contatos com a comunidade travesti, muitos deles escritos quando ela sequer sonhava em se ver parte dessa comunidade. O monólogo segue em processo de escrita, expandindo-se pouco a pouco, na expectativa de um dia tornar-se uma espécie de Grande Sertão: Veredas travesti — homenagem da autora a essa que é uma das mais transviadas obras da literatura brasileira.

O Sexo da Palavra é um projeto inovador na área de produção editorial que tem por objetivo criar pontes entre autores e seus livros de forma dinâmica. O Sexo da Palavra se propõe a ser uma editora com foco na temática homoerótica na literatura e suas vertentes. Idealizada como projeto de pesquisa pelo Dr. Prof. Fábio Figueiredo Camargo na UFU – Universidade Federal de Uberlândia – MG o empreendimento se dispõe a fomentar textos inéditos ou não para a edição de livros a preços acessíveis para os autores, desde acadêmicos a escritores que se enquadrem na proposta. O projeto se torna realidade com a entrada de Antonio K.valo, designer gráfico, como parceiro e produtor executivo da editora e de Cynthia Camargo como administradora.

Siga o Alguém Avisa no seu Canal no YouTube e confira conteúdos especiais.