TRIX GOMES DO ‘BISSEXUAIS BR’ FALA SOBRE SAÚDE MENTAL

Trix Gomes é Bixa Queer Não-Binárie (Elu/Delu) e estudante de Psicologia da UESPI. Recentemente em seu Instagram e no Bissexuais BR, falou sobre Saúde Mental, no texto Trix escreve:

“Setembro é um mês bastante significativo pra mim. Me lembra recomeços e encontros comigo e es outres. Pra quem ainda é novo por aqui, sou estudante de Psicologia. Desde que iniciei o curso, o debate em saúde mental, me tomou por inteiro. Pensar uma Psicologia que não caia num lobby e discurso liberal, é urgente. Pensar uma Psicologia que paute os movimentos sociais, o combate a toda e qualquer tipo de opressão, que compreenda que há uma estrutura que rege a nossa sociedade e causa sofrimento, é urgente.

Nesse mês de setembro, o amarelo também se soma às cores da bandeira Bi. Como já comentei em posts anteriores, os imaginários criados pela cisnorma, monossexismo e binarismo, potencializam o apagamento de pessoas Bissexuais. E, quando falo em apagamento, não falo somente do simbólico, mas de todo um aniquilamento que perpassa a nossa subjetividade e nossas corpas.

Existem poucas pesquisas sobre Bissexualidade e Sofrimento Mental. A maior parte delas, são internacionais, em especial da Europa e EUA. Em 2012, foi publicado um estudo brasileiro* no qual entrevistaram-se jovens entre 12 e 20 anos. Num total de 21 adolescentes não-héteros que reportaram tentativa de suicidio, 9 ( 42,9%) eram bissexuais.

Nesse ano, o coletivo voteLGBT divulgou um Diagnóstico LGBT+ na pandemia. E a fragilidade emocional foi um dos pontos mais comentados (42,7%). Sendo maior em identidades femininas e não-binárias (46%); lésbicas, bissexuais e pansexuais (45%). Nessa mesma pesquisa, quando se olha o índice de vulnerabilidade tem-se que: pessoas Trans, pretas/pardas/indígenas e bissexuais tem maior índice.

Não bastasse esses dados, também existe uma cultura de diagnósticos “equivocados” quando se fala de bissexualidade e monodissidências.

Já li e ouvi váries amigues comentando sobre o diagnóstico de Bipolaridade/Boderline ser destinado a pessoas Bissexuais, simplesmente pelo fato de falarem que são Bissexuais (existem estudos sobre). Já vi, em sala de aula, discursos bifóbiques por parte de professorus. Já tive que dar mini aulas sobre Bissexualidade pra alguns terapeutas que tive… ( haja paciência!).

Ah, sabe a “Cura Gay”? Para nós Bissexuais e pessoas Monodissidentes, há uma “Cura Bissexual”, pois para alguns psicólogues despreparades ou devemos ser héteros ou devemos ser homossexuais. A Psicologia ainda tem muito a caminhar quando o assunto é sexualidades. Nesse ano, coletivos Bissexuais se uniram para protocolar uma Nota pedindo que o Conselho Federal de Psicologia se posicione diante da bifobia escancarada de algumes psicólogues. E também que pense e construa coletivamente práticas antibifóbicas.

Penso que debater Bifobia e dialogar sobre as vivências de pessoas Bissexuais é de extrema importância. Nós estamos adoecendo psicologicamente, nós estamos morrendo. Quanto mais vocês esquecem da nossa existência, mais vamos desaparecendo por completo. Por isso, fortalecer nossas redes de apoio é fundamental. Seja por meio do laço afetivo da amizade, seja por meio da terapia, seja por meio de coletivos Bissexuais. Ei, Bi, Lembra:

Em uma sociedade monossexista, ser bissexual é revolucionário!
Resistiremos!”

Abaixo Trix ainda deixa alguns contatos de psicólogues maravilindes e Bialiades:

@vidaslgbtqiap
@railansilvapsi
@psilorenlis
@psithaisventura
@psicorenatabandeira
@jo_psicologa_preta_sim
@soueupsicologa
@thaisnur
@perisson
@psicomunidade21

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