APÓS DESPEJO DO PRÉDIO ORIGINAL, CASANEM SOFRE NOVA REPRESSÃO POLICIAL DO ESTADO

Em mais um episódio de autoritarismo do estado contra a população LGBTIA+, e por falta de comunicação dos órgãos públicos o Colégio Estadual Pedro Alvares Cabral onde temporariamente a CasaNem está alocada foi invadido pela polícia militar alegando que havia uma denúncia de invasão do local pelas pessoas LGBTIA+. Os policiais pediram para falar com a responsável, Indianarae Siqueira presidente do Grupo Transrevolução / CasaNem e Coordenadora da Frente Internacionalista De Sem Tetos ( FIST ) pediu que os policiais ligassem pro diretor do Colégio, mas eles se recusaram.

Ela então foi levada na viatura da PM pra delegacia ao se recusar a se identificar respondendo que não era criminosa e não estavam no local sem autorização. Chegando na delegacia queriam indicia-la por invasão de espaço público e desobediência civil. Mas a secretária estadual de Direitos Humanos e Assistência Social Cristiane Lamarão, o Sub-secretario de Direitos Humanos Thiago Miranda e a superintendente do Rio Sem LGBTIfobia Carol Caldas entraram em contato com a 12 ° DP explicando a situação atípica. Mesmo assim o registro de ocorrência N° 012-04936/2020 foi lavrado pra que Indianarae Siqueira fosse liberada. A CasaNem continua ocupando o colégio enquanto espera que o acordo em conjunto com o governo de estado e prefeitura seja cumprido. Neste acordo, os governos se comprometeram a ceder um imóvel para a ONG dar continuidade ao trabalho que desenvolve em prol comunidade LGBTIA+.

O que aconteceu antes?

NO MÊS DO ORGULHO LGBTIA+ no dia 09 de junho a Casa Nem recebeu uma ordem de despejo dada pela juíza Daniela Bandeira de Freitas dando prazo de 30 dias para que o prédio de 7 andares em copacabana na Rua Dias da Rocha 27 ocupado desde abril de 2018 e tendo essa ocupação sido complementada com a chegada da CasaNem ao local mudando o nome que antes era Ocupação Stonewall Inn para Ocupação Stonewall Inn – CasaNem. O prédio antes abandonado a mais de 10 anos que tinha virado foco de doenças cheio de poças de aguá com larvas e mosquitos, morcegos que faziam dali moradia entre outras coisas que como reboco e janelas caindo sobre transeuntes no lado de fora atualmente se transformou em um gerador de serviços sociais prestados a comunidade em geral. No prédio foi encontrado um importante acervo de obras de artes inclusive com uma múmia que foram entregues aos cuidados IPHAN e Museu Nacional que perdeu muito do seu acervo no incêndio e para isso foi chamado ao local a policia civil, militar e federal que mantiveram o local em segurança para a retirada das obras de arte.

O que a CasaNem faz?

Nesse momento de pandemia pelo corona vírus em que vivemos e temos nossas vidas colocadas em risco a todo momento e várias situações a CasaNem vem atuando como uma frente de combate e resistência contra o Covid-19. A Casa já distribuiu mais de 35 mil toneladas de alimentos divididos em mais de 2500 cestas básicas entregues a comunidade LGBTIA+ e comunidades carentes em toda a cidade do Rio de Janeiro diretamente através de suas arrecadações com redes de voluntáries e doadores. Em conjunto com a CEDS e Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura do Rio de Janeiro também foram entregues mais de mil cestas básicas distribuídas no município. Além de trabalharmos em conjunto com o conselho tutelar no acolhimento de menores LGBTIA+ que não encontram respeito nos abrigos do poder público, um trabalho intenso que agora corre risco por decisão da justiça que deveria estar fazendo o trabalho que somos obrigados a fazer. Com outros parceiros distribuímos quentinhas toda semana e roupas a moradores de rua com arrecadação de ração para os animais desses moradores de rua e outros animais que a CasaNem assiste. Também fizeram uma campanha de arrecadação pra produzir 5 mil mascaras que geraram renda pra 16 pessoas LGBTIA+ e mulheres dividindo 13 mil reais arrecadados especificamente pra isso do Ateliê de Modelagem Corte e Costura da casa (CosturaNem) entre (Capacitrans-RJ) e EcoModas (Almir França) pra produzir essas máscaras e distribuir pra população carente do Rio de Janeiro.

E agora em parceria com o ministério público do trabalho (com o qual já atua no projeto Cozinha e Voz que proporciona que a Kuzinha Nem mantenha os acolhides alimentades e vai voltar a produzir alimentos veganes pra gerar renda) estão produzindo mais 6800 máscaras com mais 34 pessoas recebendo renda nesse momento e indicaram a AMOCAVIM da Vila Mimosa que em parceria conseguimos ajudar com algumas cestas básicas e onde a assistente social Cleide colocou mais 30 mulheres profissionais do sexo no projeto pra produzir mais 6 mil máscaras que junto com as que outros doadores nos enviam fazem um total de mais de 20 mil mascaras doadas que beneficiam a população carente nesse momento de pandemia servindo como barreira de proteção ao corona vírus e com mais de 80 pessoas sendo beneficiadas com renda de até 800 reais pra produzir essas máscaras protetoras.

Na terceira fase do projeto ainda querem reunir essas pessoas que aprenderam a modelar, cortar e costurar em uma espécie de cooperativa trazendo mais pessoas pra produzir. Cada máscara será vendida e de cada uma vendida outra será doada pra população carente e continuando assim a gerar renda pra mulheres e pessoas LGBTIA+ nesse momento. Em conjunto com o VEM JUNTO RIO querem distribuir escudos faciais de acetato pra profissionais de saúde e grupos que lidam diretamente com populações vulneráveis. A partir da CasaNem que chamou em uma reunião pelo whatsaap as casas de acolhimento para LGBTIA+ do Brasil nasceu a REBRACA LGBTIA+ (Rede Brasileira de Casas de Acolhimento para LGBTIA+) que através dessa união com as organizações que compõem a REBRACA LGBTIA+ vem distribuindo cestas básicas , material de higiene pessoal, material de limpeza e ajuda financeira quando possível em vários lugares do Brasil. A CasaNem em parcerias MATCH FOUND BRAZIL ou com ALL OUT Brasil de quem receberam uma campanha de arrecadação de fundos que pediram pra ser destinada a REBRACA LGBTIA+ onde os 60 mil reais arrecadados foram divididos em mais de 5 mil reais pras 12 organizações da rede que se prontificaram a receber essa ajuda.

Como ajudar?

Clique aqui.

Siga o Alguém Avisa no seu Canal no YouTube e confira conteúdos especiais.