CONHEÇA ‘ALAN TURING’: ATEU, HOMOSSEXUAL E PAI DA COMPUTAÇÃO

Ele era franzino, tímido e meio excêntrico. Nunca empunhou uma arma, mas foi um dos personagens mais importantes da Segunda Guerra. Atrás de uma escrivaninha, Alan Turing, considerado o pai da computação, encontrou a chave para decifrar os códigos usados em mensagens nazistas — e, graças a seu trabalho, os aliados desvendaram cada passo dado pelos inimigos, onde encontrar seus submarinos e até como deveria ser a reação alemã durante o Dia D

A comemoração tem gosto amargo. Turing era homossexual, condição considerada criminosa na Grã-Bretanha até 1967. Condenado, recebeu injeções de hormônios femininos, o que se conhece como castração química.

Tinha 41 anos em 7 de junho de 1954, quando, transtornado com as alterações em seu corpo e pela realidade homofóbica e autoritária em que vivia, deu cabo da vida comendo uma maçã envenenada, tal como Branca de Neve, de quem era fã.

Como é possível que tanta gente nunca tenha ouvido falar de Alan Turing? Uma resposta: o trabalho que o tornou famoso era tão secreto que, por décadas, nem mesmo os familiares dos envolvidos no projeto sabiam o que eles faziam. Outra: ele morreu cedo. A verdade sobre o cientista começou a vir à luz em 1983 com o lançamento de Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges. A obra inspirou o filme O Jogo da Imitação, lançado em 2015.

“Ele estava lá, no começo da computação, da inteligência artificial e fez um trabalho importantíssimo na Segunda Guerra”, diz John Graham Cummings, especialista em computadores, responsável por um abaixo-assinado que resultou no pedido oficial de perdão do primeiro-ministro Gordon Brown, da Grã-Bretanha, em 2009. Brown reconheceu a importância do trabalho de Turing durante a guerra e definiu o tratamento a que ele foi submetido de “terrível e desumano”.

Quando a guerra acabou, Turing foi trabalhar no Laboratório Nacional de Física. Ninguém ficou sabendo da importância da sua participação na quebra dos códigos da Enigma.

A carreira de Turing sofreu um abalo quando, em 1952, foi condenado por manter relações sexuais com outro homem, crime de “indecência pesada” na época. Entre as opções de punição, cadeia ou castração química, escolheu a segunda, que supostamente acabaria com sua libido.

Como criminoso fichado, Turing não podia mais trabalhar em projetos do governo. Além disso, as injeções o deixaram tão perturbado que ele não viu outra opção além do suicídio. A campanha pelo pedido de desculpas reuniu 32 mil assinaturas.

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