ALANYS MATHEUS É PRIMEIRA MULHER TRANS NEGRA FORMADA EM DIREITO EM MS

ALANYS MATHEUSA É UMA EXCEÇÃO. A jovem de 22 anos será a primeira mulher trans negra a se formar em Direito, no Mato Grosso do Sul, o quarto estado do Brasil com mais casos de violência contra pessoas trans. A média de assassinatos alcança cinco em cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro do conjunto do país, que teve dois casos por 100 mil. Falta um semestre para Alanys terminar o curso, graças a uma bolsa de 100% do Prouni em uma universidade da capital Campo Grande. Ela já passou na prova da OAB.

Para os LGBTs, concluir o ensino médio é, por si só, um desafio. De acordo com a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil, de 2016, da ABGLT, dos 1.016 estudantes que participaram da pesquisa, 73% alegaram ter sido agredidos verbalmente na escola. Agressões físicas ocorreram com um a cada quatro desses alunos. Mais da metade deles já ouviram comentários negativos a pessoas trans no ambiente escolar, e 45% afirmaram se sentir inseguros em sua escola devido à sua identidade de gênero. Alanys passou por isso.

Essas situações ocorrem porque as escolas ou promovem a violência ou são coniventes com ela, me disse Sammy Larrat, presidenta da ABGLT. “Ignora-se piadas de alunos e professores, imputam a culpa à pessoa”, explica. Diante disso, diz Larrat, restam duas opções: ou as pessoas saem da escola ou aprendem a conviver com o silenciamento e a violência, negando até mesmo a própria identidade de gênero.

Além das situações de violência, as políticas para a população LGBT estão minguando no governo Bolsonaro. Recentemente, o governo federal suspendeu o edital de vestibular da Unilabpara pessoas trans. “As vagas disponíveis eram remanescentes. Quer dizer, a gente estava falando do acesso às pessoas trans a vagas que sobraram. É a confirmação de que só nos é possível uma política de morte, e não de cidadania”, afirma.

Alanys conseguiu uma vaga quando ainda havia cotas e financiamento à educação. Ela também atribui a sua conquista ao apoio e esforço da mãe, Ruth Maria, empregada doméstica que batalhou sozinha para cuidar dela e das três irmãs. Alanys me contou a sua história enquanto caminhávamos pelas ruas do bairro Guanandi, onde ela cresceu, localizado a 7 km do centro da cidade.

Confira a reportagem completa na página do Intercept.

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