COMO É TER HIV E ESTAR EM APLICATIVOS DE NAMORO?

Aled Osborne costuma falar abertamente que tem HIV, vírus causador da Aids. Mas, quando usa aplicativos de relacionamento, como o Tinder, sua sinceridade se volta contra ele.

Muitas vezes, ele é alvo de abusos e insultos por parte de desconhecidos, que fazem perguntas ofensivas e invasivas.

Você vai morrer? Por que você está procurando sexo? Posso ser infectado ao sentar no vaso sanitário? Estes são alguns comentários que ele costuma ouvir, conforme relatou em entrevista à BBC.

“Um indivíduo me perguntou como eu contraí (o vírus) e depois quis saber se a pessoa (que me infectou) era mais velha. Quando perguntei por que, ele respondeu: ‘Sempre me pareceu que os jovens são mais saudáveis’. E, na sequência, me perguntou se a pessoa era branca.”

Graças à terapia antirretroviral, hoje sua carga viral (quantidade de HIV no sangue) é considerada indetectável — ou seja, é próxima a zero (menos de 50 cópias de HIV por mililitro de sangue). É tão baixa que nem sequer pode ser medida.

O que é a terapia antirretroviral?

É uma combinação de medicamentos que devem ser tomados diariamente para impedir a replicação do HIV no organismo.

Não é capaz de curar o HIV, mas pode reduzir a quantidade de vírus no sangue a níveis indetectáveis.

A maioria das pessoas com HIV toma uma pílula combinada uma vez ao dia, mas outras podem tomar até quatro, dependendo de suas necessidades específicas de saúde.

A recomendação é que todos os pacientes iniciem o tratamento imediatamente após serem diagnosticados.

Atualmente, 36,9 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, de acordo com o programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a HIV/Aids (Unaids).

‘Você está limpo?’

“Uma coisa que me dá arrepios e me faz revirar os olhos é quando as pessoas fazem a seguinte pergunta no aplicativo: ‘Você está limpo?'”

O que elas querem saber, acrescenta Aled, é se você “está livre” de qualquer doença sexualmente transmissível.

“(Mas) o contrário de ‘limpo’ é ‘sujo’. Você vai querer me dizer agora que eu sou ‘sujo’?”, questiona.

Ele conta que também recebe mensagens mais agressivas, como: “O que você está fazendo aqui?”, “você não deveria estar aqui”, “não deveria fazer sexo” ou “não deveria estar em busca de um relacionamento”.

Aled, que se define em seu perfil no Twitter como um ativista na luta contra o HIV/AIDS, afirma que foi se fortalecendo contra esse tipo de comentário no decorrer dos anos.

“Já consigo antecipar algumas perguntas que as pessoas vão fazer, e me fortaleci para poder respondê-las constantemente”.

Ele dá um conselho para quem faz esse tipo de pergunta:

“Simplesmente lembre-se de que você está se comunicando com outra pessoa. É outro ser humano que está recebendo essas informações, não apenas uma foto na tela do seu celular”.

“Pergunte a si mesmo se você faria essa pergunta ao vivo.”

“E se a resposta for ‘não’, talvez você também não deva formulá-la por meio de um aplicativo”.

Fonte: BBC NEWS

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