Assista ao Curta-metragem Afronte, um dos audiovisuais censurados recentemente pelo Presidente. Abaixo também vemos a Carta Aberta escrita pela equipe do filme. AFRONTE!
Carta Aberta
O poder do cinema ultrapassa a capacidade de fazer as pessoas sonharem, ele está também em se reconhecer na tela.
O filme Afronte é resultado do acesso de dois estudantes negros à universidade pública de qualidade. Ao ocupar esses espaços por meio de uma política pública, nos sentimos na obrigação retribuir todo o investimento público na nossa educação através de um produto que dialogasse com a sociedade brasileira e proporcionasse a real possibilidade da mesma se sentir representada.
O Afronte foi realizado com o trabalho árduo de uma equipe que se engajou no projeto sem receber nenhum pagamento. O dinheiro utilizado para fazê-lo foi conseguido por meio de um financiamento coletivo realizado na plataforma Benfeitoria, no qual todos que participaram puderam acompanhar cada momento da campanha que realizamos, sendo de conhecimento público o valor arrecadado. Não recebemos nenhuma verba pública para a produção do filme.
Condenamos a CENSURA imposta pelo Governo Federal e pelo Presidente aos projetos de filmes e séries que buscam discutir a diversidade sexual. A ANCINE tem um papel importante na manutenção e no fomento do cinema no Brasil, e esse papel tem que ser exercido respeitando a liberdade artística e compreendendo que somos múltiplos.
Falar de maneira superficial e preconceituosa sobre projetos audiovisuais complexos que contribuirão para o debate sobre racismo, diversidade e respeito no país que mata diariamente NEGROS e LGBT’s demonstra a incapacidade do atual representante do executivo federal em debater questões essenciais para o Brasil. O presidente demonstra diariamente ignorância e falta de conhecimento em relação à sociedade brasileira e à importância da produção cinematográfica nacional.
Reiteramos nossa crítica à maneira como o Presidente utiliza as redes sociais para tratar temas de grande importância para a população, contribuindo para a falta de informação que permeia o debate público no Brasil atualmente. Prestamos nossa solidariedade aos outros projetos citados que foram tratados de maneira leviana e explicitamente CENSURADOS.
Faz-se necessário que os meios de comunicação, antes de publicar matérias sobre as falas inconsequentes e ignorantes do Presidente em suas lives, entre em contato com as pessoas e grupos citados pelo mesmo para que tenhamos o direito de rebater suas acusações, visto que é cada dia mais evidente que ele não compreende a importância e a responsabilidade do cargo que ocupa.
Nos orgulhamos muito da realização do Afronte, do caminho trilhado pelo filme, do seu reconhecimento pela crítica especializada nacional e internacional e pelos diálogos gerados pelas exibições nas mais variadas regiões do Brasil e diversos outros países.
Depois dos resultados do filme, das respostas positivas que recebemos, do diálogo iniciado, decidimos tentar levar o Afronte para além do DF. Em formato de série, e esse é o projeto que o Presidente está deliberadamente censurando, num total desconhecimento da forma como os editais funcionam e se excedendo ao que é de competência direta do executivo..
Pela sua já notável desinformação e em uma oferta generosa de trazer um mínimo de cultura para o senhor, recomendamos que assista ao nosso filme, que estamos disponibilizando online.
Equipe do Afronte.
Sinopse:
Ficção e documentário se cruzam para mostrar o processo de transformação e empoderamento de Victor Hugo, um jovem negro e gay, morador da periferia do Distrito Federal. Seu relato se mistura aos depoimentos de outros jovens, cujas histórias revelam diferentes formas de resistência, encontradas em discursos de valorização do negro gay.
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