CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA 6ª JORNADA LÉSBICA FEMINISTA ANTIRRACISTA

A sexualidade é tão ampla como os desejos humanos. A lesbianidade visibiliza o desejo de estarmos entre “mulheres”, de viver e curtir nossa existência lésbica, sermos SAPATÃO com toda a força e a vertigem que isso implica : uma delícia. Ser SAPATÃO é uma forma de resistência que expressa os desejos, os afetos e sentimentos de Mulheres que se relacionam sexualmente com outras Mulheres. Ser LÉSBICA é a manifestação política que rompe com a lógica da heterossexualidade compulsória, em que toda a mulher cumpre o papel de gênero feminino. “A existência lésbica inclui tanto a ruptura de um tabu quanto a rejeição de um modo compulsório de vida. É também um ataque direto e indireto ao direito que os homens acreditam ter ao acesso as mulheres.” Adrienne RichNa sociedade patriarcal que vivemos, os relacionamentos lésbicos têm todas as ferramentas na mão para uma revolução, por isso afirmamos que os nossos corpos e os nossos desejos são políticos. Essa afirmação, é fruto de muita luta que se inicia ao fim dos anos 70 com a organização de lésbicas junto aos movimentos sociais contra a ditadura militar. Inserida no movimento de pessoas homossexuais, foi formando a frente de luta por direitos para toda SAPATÃO. A partir dos anos 90, o movimento lésbico estabelece suas linhas de ação e com muita força atua em grupos, coletivos e redes pela visibilidade lésbica. Nos anos 2000 a estrutura de movimentos organizados se fortalece pensando as lesbianidades. O dia 29 de agosto é reconhecido como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica porque no ano de 1996, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu o 1º SENALE – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais. Espaço de aprofundamento das questões lésbicas e de mulheres bissexuais do país inteiro, marca a luta dessas mulheres e se reafirma ano após ano. Desde então, o mês de agosto é o momento de nos encontrarmos e reconhecermos nossas lutas. Dedicado para visibilizar lésbicas e mulheres bissexuais e estabelecer estratégias de combate às violências as quais estamos expostas diariamente. Ao longo desses 23 anos, construímos alternativas de sobrevivência e estabelecemos linhas de luta coletiva. Onde nossas vivências se somam e propõem a transformação social, trilhando o caminho em busca da autonomia e da livre expressão das sexualidades. Em 2014 o SENALE passa a se chamar SENALESBI, em uma busca por visibilizar as mulheres bissexuais que compõem o movimento de lésbicas. O SENALESBI é o principal evento deliberativo nacional de lésbicas e mulheres bissexuais, e segue dando continuidade a construção da história do movimento e da busca pela autonomia dos nossos corpos.

  • 1996 – 1º SENALE Rio de Janeiro/RJ
  • 1997 – 2º SENALE Salvador\BA
  • 1998 – 3º SENALE Betim\ MG
  • 2001 – 4º SENALE Aquiraz\CE
  • 2003 – 5º SENALE São Paulo/SP
  • 2006 – 6º SENALE Recife\PE
  • 2010 – 7º SENALE Porto Velho/RO
  • 2014 – 8º SENALE Porto Alegre/RS
  • 2016 – 9º SENALESBI Teresina/PI
  • 2018 – 10º SENALESBI Salvador/BA

Dentro deste cenário de avanços feministas foi somente em 2006 que se instituiu a lei Maria da Penha (lei federal 11.340/06). Esta lei instrumentalizou redes oficiais de combate a violência contra a mulher, mas ainda hoje convivemos com sentenças como a recente decisão da 5a. Turma do TJ-RS que inocenta estupradores por pressupor a culpa do estupro no comportamento da vítima, situação criminosa absolutamente absurda e misógina que estimula uma onda sem precedentes . Um termo que ficou estabelecido nesse caminho é a LESBOFOBIA, a partir da compreensão que a discriminação e o preconceito tem destino, e nossos corpos são o alvo. A seguir, se forma a ideia de LESBOCÍDIO, onde definimos que as mortes de lésbicas são crimes motivados por preconceito e discriminação. Além da Lesbofobia, existem outras violências praticadas contra as mulheres lésbicas, Fetichização ou objetificação do relacionamento entre mulheres; Negligência na área da saúde; Agressões físicas e psicológicas; Estupro corretivo.Nesse contexto, constituem-se as Marchas Lésbicas de Porto Alegre e demarcaram, nas ruas da cidade, a Lesbianidade e sua rebeldia contra a sociedade heterossexualizada no estado. Dado o efeito sobre a população desses atos, o Movimento de Lésbicas entendeu necessário criar espaços de discussões políticas que dialogassem nossa condição de ser e estar de forma pedagógica, assim, realizaram-se, as Jornadas Lésbicas. Essas ações se transformaram em potentes espaços de luta e visibilidade de lésbicas e mulheres bissexuais no Rio Grande do Sul.Porto Alegre

  • 2007 – 1ª Marcha Lésbica
  • 2008 – 2ª Marcha Lésbica
  • 2009 – 3ª Marcha Lésbica
  • 2010 – 4ª Marcha Lésbica
  • 2011 – 5ª Marcha Lésbica
  • 2012 – 6ª Marcha Lésbica
  • 2013 – 7ª Marcha Lésbica
  • 2014 – 8ª Marcha Lésbica
  • 2016 – 9ª Marcha Lésbica
  • 2018 – 10ª Marcha Lésbica

Rio Grande do Sul

  • 2009 – 1ª Jornada Lésbica
  • 2010 – 2ª Jornada Lésbica
  • 2011 – 3ª Jornada Lésbica
  • 2012 – 4ª Jornada Lésbica
  • 2013 – 5ª Jornada Lésbica

Somente em 2018 tivemos acesso a dados sobre violência contra as mulheres lésbicas, através do Dossiê do Lesbocídio, projeto de pesquisa que tem como objetivo resgatar informações e registrar casos de lesbocídios, dando ênfase aos casos ocorridos no Brasil. A pesquisa encontra-se em andamento e é desenvolvida pelo Núcleo de Inclusão Social (UFRJ) e pelo Nós: Dissidências Feministas (UFRJ). Ainda que esses dados sejam distantes da realidade, já que não existem informações oficiais voltadas a questão do lesbocídio e o levantamento foi feito a partir de dados coletados por meio de redes sociais, jornais e sites, o relatório revela que esse tipo de crime de ódio vem crescendo exponencialmente em todo o país. Entre 2014 e 2017, 126 lésbicas foram brutalmente assassinadas no país e apenas nos dois primeiros meses de 2018 foram registradas 26 mortes. Importante ressaltar que as violências são ainda mais severas quando falamos de mulheres negras, indígenas, periféricas, trans.Importante ressaltar que as violências são ainda mais severas quando falamos de mulheres negras, indígenas, periféricas, trans onde a interseccionalidade é identificada. Interseccionalidade, esse cruzamento de relações sobrepostas de opressões de gênero raça e classe. Angela Davis já dizia quando uma mulher negra se movimenta toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela. As mulheres negras ampliam esse dizer pra dizer que quando uma mulher negra lésbica se movimenta a estrutura se movimenta e se avança na democracia. Djamila Ribeiro vai registrar na história recente a importância do lugar de fala, por isso que a Jornada Lésbica de Porto Alegre é Feminista e Antirracista. Somar agendas, movimentar a estrutura e avançar na democracia pelo fim no patriarcado.A data da visibilidade lésbica em 29 de Agosto marca a construção de uma pauta nacional por exercício pleno de cidadania, direito à prerrogativa do seu corpo, direito a dignidade humana, direito pela identidade de gênero, direto pela livre expressão das sexualidades e direito pela diversidade sexual das lésbicas e mulheres bissexuais. De 1996 até os dias atuais pouco ou quase nada foi conquistado. O legislativo brasileiro mostra uma lentidão proposital e moralista em relação a garantia de direitos. Foi no STF que garantiu mínimos direitos a exemplo do reconhecimento da relação estável e seus desdobramentos. A pauta de Direitos Humanos no Brasil é dura, é árdua, é difícil por ser um Estado baseado no machismo, patriarcado, racismo, homofobia, lesbofobia. O mês de agosto é dedicado para visibilizar mulheres lésbicas, a partir de uma agenda proposta desde nossas necessidades e reivindicações e até denúncias de violências sofridas por serem lésbicas, assim como a ausência de Políticas Públicas que nos contemplem.Em 2019, a VI Jornada Lésbica Feminista Antirracista se coloca como uma articulação pelo reconhecimento da autonomia de nossos corpos. Seguindo a carta final de resoluções do X SENALESBI:“reafirmamos a importância e o compromisso deste espaço, enquanto espaço político de visibilidade, que se constitui a partir de um esforço coletivo, participativo e colaborativo de discussão de diferentes questões referentes às lesbianidades e às bissexualidades – e suas/nossas (in)visibilidades – à participação política, ao controle social, às políticas públicas, à saúde, educação, assistência, cultura, esporte e segurança pública, tendo como diretrizes orientadoras os princípios feministas de enfrentamento ao racismo, ao capitalismo, à heteronormatividade, ao machismo e de superação da Lesbofobia, Bifobia, Transfobia, além do fortalecimento dos movimentos de lésbicas e de mulheres bissexuais.” – X SENALESBI, 2018.Reafirmamos a necessidade de reconhecimento dos direitos sexuais reprodutivos para todas as mulheres. Em um cenário onde o encarceramento é a única “política pública” de combate ao estupro corretivo, onde as mulheres não tem resguardado o direito ao aborto e com um governo de ultra direita eleito em cima de um discurso moralista e machista. Nossa unidade será a arma para resistirmos aos retrocessos que virão via Congresso Nacional, tendo como exemplo as reformas trabalhista e da previdência, prejudicial à toda classe trabalhadora, mas muito mais perversa para as mulheres. Conceber uma gestação é motivo de sofrimento de lésbicas e mulheres bissexuais, quando esta é consequência de estupros. Assim como reconhecimento o direito a gestação de mulheres que entendem a maternidade como importante, é usufruir da autonomia desses corpos políticos. O Sistema Único de Saúde – SUS, é a política pública que deveria compreender a saúde integral de lésbicas e mulheres bissexuais, o fortalecimento desta política é fundamental para a promoção da saúde. Pela manutenção de direitos conquistados a partir de muita luta, exigimos a nomeação e posse de Conselheires do Conselho Estadual de Promoção de Direitos LGBT do Rio Grande do Sul – CELGBT/RS. Onde, por irresponsabilidade com as políticas públicas que busquem direitos de lésbicas e mulheres bissexuais no estado, até a presente data não houve a eleição da mesa diretora, e o CELGBT segue sem atuação regulamentada pelo governador Eduardo Leite. Mesmo tendo realizado o Fórum Estadual LGBT no RS no mês de abril de 2019, já se passaram 4 meses e o conselho segue sem a atenção devida do governo estadual.Por políticas públicas que busquem a garantia de direitos e autonomia, combate ao racismo estrutural e suas formas de violência, fortalecimento e ampliação de organização feministas como proposta de transformação social. Entendendo a interseccionalidade, extrapolar as barreiras do pensamento acadêmico e buscar os pontos de convergência que unificam nossas lutas. Fortalecidas em nossos movimentos, barrar qualquer avanço conservador que imponha limitações aos nossos corpos. Jamais recuaremos! SAPATÃO: QUE VISIBILIDADE É ESSA? Questiona, que visibilidade estamos construindo? É isso que precisamos para nos sentirmos seguras? O Estado estabelece a garantia dos nossos direitos? Quais são os direitos que queremos?Essas e outras perguntas estão em debate durante o mês de agosto de 2019 em Porto Alegre. O cenário atual mostra a necessidade urgente de estarmos articuladas e de somarmos esforços nessa luta. Combatemos o racismo e suas mazelas. Empunhamos esforços múltiplos em romper com as opressões de gênero, raça e classe. A organização da VI Jornada Lésbica Feminista Antirracista, propõe um calendário de atividades durante o mês. Para o dia 29 de agosto – Dia da Visibilidade Lésbica, iremos realizar um dia de atividades no Centro da cidade. Encerrando as atividades do dia com uma Marcha Lésbica, porque para o armário ninguém volta mais! A organização e construção da VI Jornada Lésbica Feminista Antirracista, é a união de grupos, entidades, independentes/autônomas e movimentos de lésbicas e bissexuais do Rio Grande do Sul. Nossa construção é antirracista, anticapitalista, contra o patriarcado, lutamos pela visibilidade, respeito à identidade e reconhecimento de lésbicas e mulheres bissexuais. VI Jornada Lésbica Feminista Antirracista – Porto Alegre/RS – 2019

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