CAMALÉON FALA SOBRE COMO É SER MULHER NO MUNDO DRAG

O Alguém Avisa conversou recentemente com a Drag Camaleón/Cameleon, em um bate papo descontraído sobre o seu processo de criação, seu trabalho e sobre a binaridade no mundo LGBT.

O nome da Drag se chama CAMALEÓN! Nasceu como “León”, porque a artista começou fazendo drag king. Um amante latino incorrigível. Depois de 2 anos trabalhando com isso, se deu conta que limitar seu drag a um gênero binário não fazia mais sentido e trocou pra CAMALEÓN // CHAMELEON – o nome fala por si. Mudanças constantes, fluido e sempre relacionado com o contexto que está! Pode ser drag queen, drag queer, drag king – drag creature!

Sobre suas influências a artista revela que sempre fica em dúvida quando vai falar delas, “porque até as coisas mais improváveis nos influenciam, revela. São pequenos momentos, conexões com outras pessoas, tudo! Mas em termos mais práticos, costumo buscar no mundo fashion. A expressão visual é muito importante no meu trabalho, e busco em designers icônicos, como Alexander McQueen. Pra performance, normalmente não tenho muitas refs – meu trabalho é empírico, é transbordar as coisas que tô sentindo com o corpo, e a inspiração vem de dentro mesmo”, revela.

Sobre suas motivações, CAMALEÓN conta que “nunca se conformou muito com a binaridade do mundo: dualidades como “bem x mal”, “certo x errado”, “homem x mulher”, conceitos que são muito mais complexos e cheios de layers! Encontrei na arte drag uma forma de sentir as entrelinhas que existem entre extremos e experimentar novas formas possíveis. Ampliar a visão das pessoas e visibilizar identidades marginais”.

Sobre as dificuldades de ser drag, a artista divide brincando “que tem que ter muuuuuito amor pra trabalhar com drag, porque na verdade são muito mais dificuldades do que facilidades”. Para ela que começou em Porto Alegre, o mais difícil são os pouquíssimos lugares pra se apresentar e a desvalorização da arte em si. “Muitas vezes investimos mais do que o nosso cachê pra poder criar algo que realmente faz sentido pra gente. Então a maior dificuldade do drag é ser sustentável, é realmente poder se dedicar a isso em um contexto comercial que não colabora”, afirma. 

Julha que dá a vida a Camaleón, fala sobre aceitação e divide com a gente que sofreu muito quando se assumiu como lésbica, e tanto quanto quando começou a fazer drag. “É uma ruptura de padrões muito grande e minha família teve dificuldade de entender”. Sobre os amigxs, também foi difícil: “os drag kings não são muito populares, e notei que eles também demoraram pra me apoiar e reconhecer o que eu faço como arte. Com o tempo, comecei a ser reconhecida e tudo foi mudando o tom… Hoje em dia tenho muito apoio, muito mesmo. Minha família já foi ver shows, torce por mim de verdade, sem hipocrisias ou falsidade: eu vejo que eles entenderam mesmo a importância que fazer DRAG tem. Não só pra mim, mas pra sociedade como um todo. Foi uma batalha. Mas fico muito feliz em dizer que sim, venci!” 

Para Camaleón, no entanto ainda temos um caminho a percorrer quando o assunto é o preconceito DENTRO do meio LGBTQ. “Isso não entra na minha cabeça. Sofri muita discriminação por ser mulher fazendo drag, e isso me entristece muito. Porque a arte drag é sobre a TRANSFORMAÇÃO. É sobre desafiar paradigmas, sobre nuances, sobre quebrar regras. E a visão limitada que algumas pessoas da comunidade tem me deixam muito triste. Quero que todxs se permitam ver além, ir profundo no conceito e entender o drag como uma arte AMPLA e cheia de possibilidades”.

Para finalizar, perguntamos, “Alguém Avisa que”, ao que ela respondeu:
– MULHER PODE FAZER DRAG, SIM! ALIÁS MULHER PODE FAZER O QUE QUISER MEU AMOR CHEGA DE METER O DEDO NA NOSSA CARA OK.

Rapidinha:

UMA PESSOA: hoje, madonna. 
UM LUGAR: nova york
UM OBJETO: livro
UMA PALAVRA BONITA: admiração 
UMA PALAVRA FEIA: hipocrisia 
UM VICIO: café
UM SONHO: ter um sonho
PREGUIÇA: machismo
PRAZER: sexo
RAIVA: bolsonaristas
FELICIDADE: abraço
TRISTEZA: injustiça
MEDO: solidão
DRAG: transbordar

Instagram: www.instagram.com/chameleondrag
Facebook: https://www.facebook.com/dragkingbrazil

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