SOBRE AMOR E POLÍTICA: UM AMOR ANARCOTERRORISTA

No dia 31 de março é celebrado o dia internacional da visibilidade Trans. Com permissão do Eric Seger, dividimos um texto inspirador onde o jovem ativista divide um pouco sobre as suas experiências afetivas enquanto homem trans. Um texto poético e necessário:

Confira o texto na íntegra:

“Vocês não sabem o trabalho que esse moço da foto teve pra me convencer que eu merecia a atenção qualificada dele. (foto acima)

Por um tempo eu me dediquei a batalhas conceituais e ideológicas contra as ideias cissexistas de que pessoas trans são pessoas “em corpos errados”, pessoas loucas que decidem “trocar de sexo”, pessoas hipersexualizadas feitas para serem fetiche, ou pessoas com ausência de potencial sexual feitas para merecerem desprezo ou nojo (pros homens trans “pena que não tem o principal”, “mas ele não tem o que eu gosto”, “eu tenho nojo de tal-coisa-que-eu-pressuponho-que-ele-tenha”, etc.)
No meio dessa batalha é fácil criar defesas pra se proteger de tudo isso que tá orbitando pela sociedade e pode facilmente te machucar. Às vezes é até difícil de acreditar que existem outras maneiras de viver as relações. A gente acaba se acostumando com os demônios contra os quais a gente luta.

É engraçado que na minha missão anarcotransterrorista eu me dei o desafio de mostrar realidades possíveis antes inimagináveis pra o maior número de pessoas que eu pudesse. Por isso eu tirava a camisa em público. Por isso eu falava em eventos, mesmo quando eu sabia que eles tavam me colocando numa posição de trans exótico. Mas pra minha própria vida, eu não conseguia me abrir pra construção de uma realidade em que eu fosse simplesmente eu, completo. Não “apesar de ser trans”, e nem “porque eu sou trans”. Sendo trans, mas também sendo um monte de outra coisa, e tudo bem.
Depois de um bom tempo de terapia, eu resolvi me abrir pra alguém que ficou um bom tempo me indicando que gostaria muito de dedicar atenção pra mim.
E que sincronia perfeita. Na trajetória dele, era também um momento propício pra se abrir pra sentimentos que nenhum de nós dois antecipava. Não sabíamos que nossas vidas cabiam tanto uma na outra.

Hoje, eu consigo aprender com ele o que é viver uma relação anarcotransterrorista: que desmonta barreiras, que supera expectativas e que me mostra realidades antes inimagináveis.
Hoje, ele veste a camisa de caminhar junto comigo nessas batalhas, mas nunca me deixando esquecer o quanto eu sou humano, complexo, integral e que eu mereço esse amor lindo que ele me oferece.
Evimarcio, eu nem sabia que eu sabia amar alguém desse jeito. Mas quando eu vi, eu já tava. Gratidão”.

Obrigado por dividir esse texto com a gente Eric. E Felicidades para vocês. 

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