O parlamentar britânico Lloyd Russell-Moyle, do Partido Trabalhista, revelou ter o vírus HIV durante uma sessão na Câmara dos Comuns nesta quinta-feira (29). Ele pediu esforços para a erradicação do vírus no Reino Unido e discursou sobre a importância de se fazer o teste para saber se é ou não soropositivo, dois dias antes do Dia Mundial de Combate à Aids (1º/12).
“Para aqueles que ainda não fizeram o teste, talvez por medo, eu digo: é melhor viver sabendo [se é ou não soropositivo] do que morrer com medo”, disse Russell-Moyle no Parlamento.
O trabalhista contou que descobriu ter HIV quando tinha 22 anos, em 2009. “Fui diagnosticado cedo e, desde então, tive um tratamento de primeira linha fornecido pelo NHS [rede de saúde pública do Reino Unido]”, contou Russell-Moyle. O NHS, assim como o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, oferece tratamento gratuito antirretroviral. Com o diagnóstico precoce, o parlamentar vive com níveis indetectáveis de HIV – ou seja, a quantidade de vírus no corpo é muito pequena, intransmissível, e dificilmente o paciente contrairá Aids caso mantenha o tratamento.
“Se tratado, alguém que seja soropositivo como eu pode esperar viver uma vida longa e plena, com pouco ou nenhum efeito colateral dos remédios controlados”, afirmou Russell-Moyle.
Russell-Moyle também criticou o governo do Reino Unido por, segundo ele, haver relutância em incluir na rede pública a PrEP – profilaxia pré-exposição, ou seja, um tratamento preventivo para reduzir as chances de infecção pelo HIV. “Sabemos agora de casos de jovens que procuraram acesso à PrEP, foram recusados e, subsequentemente, contraíram o HIV […]. O governo deve agora agir para evitar que isso aconteça de novo”, disse o parlamentar.
Quebra de protocolo
Quando Russell-Moyle terminou o discurso, os demais parlamentares na Câmara dos Comuns aplaudiram o colega – algo não permitido oficialmente pela Casa, segundo o jornal “The Guardian”. Em seguida, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, elogiou o parlamentar. “Sua dignidade e esperança vai inspirar pessoas pelo país e ao redor do mundo”, disse.
“Mas nós precisamos continuar vigilantes contra o preconceito, e devemos lutar para que todos tenham acesso ao tratamento eficaz”, ressaltou Corbyn.
E no Brasil?
Ainda segundo o boletim, nos últimos quatro anos também houve queda de 16,5% na taxa de mortalidade pela síndrome passando de 5,7 mortes por 100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos em 2017. Para o ministério, a ampliação do acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento são razões para a queda. O diagnóstico precoce é importante para que a pessoa com o vírus HIV não desenvolva Aids e controle o vírus no organismo com os remédios disponíveis.
Fonte: G1