Recentemente, o jovem Eric Seger compartilhou em sua linha do tempo nas redes sociais um texto falando sobre relacionamentos envolvendo homens trans. Graduado em Educação Física pela UFRGS, Eric Seger é ativista pelos homens trans através do IBRAT (2015-2017) e HTA – Homens Trans em Ação (2017-atualidade). Bolsista de Iniciação Científica e Extensão do NUPSEX – Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero da UFRGS, Eric é Homem trans e Urso.
Com mais de 70 compartilhamentos, o texto que chegou a muitas pessoas fala sobre o que ele chama de assimetria emocional e que é uma questão que deve ser levada em consideração em todos os relacionamentos. Por isso, solicitamos ao Eric para compartilhar aqui também este texto, confira:
“Sobre relacionamentos envolvendo homens trans: Tem um texto que rola por aí faz um tempo sobre como é preciso ser uma mulher super forte pra ser mulher de homem trans, porque tem que apoiar ele, ele tem crises de disforia, ele sofre, etc etc. Queria comentar sobre isso. É importante valorizar o apoio de companheiras e companheiros durante esse processo difícil que é a transição? Sim Existem relacionamentos que não se sustentam durante esse processo ou por causa de uma pessoa ser trans? Sim Pra muitos homens trans, esse apoio é fundamental. Concordo com esse mérito. Que bom que existe esse tipo de suporte.
Entretanto, discordo que seja algo positivo criar uma identidade de “mulher de homem trans” enaltecendo a grandiosidade das mulheres que se relacionam com homens trans ‘apesar’ de todas essas dificuldades. No fim do dia, parece que a gente internaliza que somos inferiores, que é tão difícil se relacionar com a gente, que quem consegue fazer essa façanha é uma heroína. Será que daí isso não nos faz ficarmos sujeitos a uma assimetria emocional muito grande? Como se estivéssemos sempre em dívida com essa pessoa que supera todas essas “dificuldades” pra estar conosco? Será que a gente tem espaço pra ser outra coisa que não esse ser em sofrimento numa relação pautada por isso? Eu sei que tem questões sociais amplas sobre a situação de mulheres na sociedade também. E que a masculinidade também entra na equação da relação em termos de simetria, que tem homens trans que também podem ser abusivos nos seus relacionamentos.
Mas o que eu já vi de homens trans em relacionamentos abusivos com mulheres, tutelados, como se fossem homens trans de estimação, não é um ou dois. Não dá pra glamurizar essas coisas. Tem pessoas que até procuram já esse tipo de relacionamento com pessoas vulneráveis porque aproveitam essa assimetria pra poder ocupar esse lugar de poder na relação com o outro. Podemos celebrar o apoio, suporte, união, amor. Mas não vamos celebrar inferiorização e sofrimento. Temos uma história de feminismo e questionamentos sobre relacionamentos abusivos com a qual podemos aprender. Um dia a gente chega lá. Mas pros homens trans, ainda estamos aprendendo a nos perceber como sujeitos, como gente. Não abusem disso”.
Um texto importante e que apresenta questões muito pertinentes para que possamos ter cuidado sobre como nos posicionamos frente aos relacionamentos. Obrigado, Eric!
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