JOVEM LGBT É VITIMA DE HOMOFOBIA EM PORTO ALEGRE, AGRESSORES HOMOFÓBICOS BATERAM SEM MOTIVO

No último final de semana, o jovem advogado que também trabalha como DJ, Victor Barreto foi mais uma das vítimas de homofobia de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, do Brasil. O Alguém Avisa procura sempre trazer notícias com conteúdos voltados para o público LGBT e na maioria das vezes evita se posicionar. No entanto, não podemos tratar atentados e violência como números. Talvez alguns tenham se acostumado, mas estamos falando de pessoas, que tem amigos, famílias, relacionamentos, histórias. Nada justifica a violência contra nenhum ser humano. O ano de 2017 tem sido de muitos retrocessos, mas enganam-se os que acreditam que podem nos calar com agressões. Quem luta por direitos, nunca desiste deles. A nossa luta não é individual e por isto somos cada vez mais fortes e numerosos. No entanto, no mês que celebramos a XXI Parada Livre de Porto Alegre, é muito triste que situações como esta sigam acontecendo. O Victor escreveu um recado nas suas redes sociais contando um pouco de como tudo aconteceu, e nós assinamos embaixo de cada palavra. Vamos continuar denunciando e lutando contra a homofobia. 

Confira na íntegra o texto do Victor:

Infelizmente, a gente tá cansado de ouvir relatos de agressões homofóbicas que rolam todos os dias por aí.

Infelizmente, esse é mais um.

Dia 07/10/2017, aproximadamente 5:30 da manhã, eu dançava e conversava com uma amiga na casa noturna que tenho como minha segunda casa, o Cucko. Eu não os vi se aproximando. Não os conhecia e nem tinha trocado qualquer palavra com nenhum deles naquela noite. Fui surpreendido, primeiro, por um soco no rosto e, enquanto eu ainda nem tinha entendido bem o que tinha acontecido, fui empurrado e prensado contra a parede por outra pessoa.

Lucas e Leonardo são os nomes deles, eu descobri depois. Olhando o vídeo fornecido pelas câmeras de segurança, eu entendi melhor. O Lucas primeiro cutuca e avisa os amigos pra que prestem atenção no “espetáculo” que ele vai proporcionar. Depois, o soco. Covarde, sem que eu pudesse ter visto ou feito qualquer coisa. Covarde, ele bate e se afasta. Vem, então, o Leonardo pelo outro lado e me empurra e prensa contra a parede pelo pescoço, até que os seguranças aparecem.

Na escada, em seguida, eles riem e se cumprimentam em comemoração. No caixa, ainda rindo, comemoram de novo, porque aparentemente, na cabeça deles, bater covardemente em alguém que não fez nada é motivo pra comemorar diversas vezes.

Estou escrevendo e expondo isso tudo aqui por dois motivos.

Primeiro, porque esse soco não foi só em mim. Esse soco foi em todas as pessoas LGBT que sofrem dia após dia, verbal e fisicamente, com essa sociedade podre. Fui eu, mas podia ser qualquer outra bicha que estivesse ali simplesmente existindo. Se o Lucas e o Leonardo se sentiram à vontade pra fazer isso numa casa noturna LGBT, que se posiciona fortemente contra o preconceito, cheia de seguranças e câmeras, o que será que eles não fazem nas ruas por aí, quando não tem ninguém olhando? O que será que já não fizeram?

Segundo, porque também não foram só o Lucas e o Leonardo que me agrediram. Cada um de vocês que aplaude e compartilha os muitos Bolsonaros e Felicianos que existem por aí me agrediu também. Cada um de vocês que comemora fechamento de exposições de arte sobre sexualidade me agrediu também. Cada um de vocês tem responsabilidade pela formação de uma sociedade que gera indivíduos como o Lucas e o Leonardo, que acham que podem fazer o que fizeram.

Pois não podem. E eu vou tomar todas as medidas possíveis pra que eles e todos os outros como eles saibam disso.

Seguimos cada vez mais bichas, não importa quantos socos a gente leve.

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