BELLE ZETH BOO AFIRMA: NÃO VIVO SEM WI-FI E CLOWN WHITE

Workroom, além de um espaço amigável para o público LGBTQIA, também se tornou um dos espaços onde as artistas drags podem apresentar o seu trabalho. A Workroom (que prefere ser tratada no feminino mesmo) tem decoração inspirada nos cenários do reality show estadunidense RuPaul’s Drag Race) Assim como o programa que tem inspirado centenas de jovens a colocar para fora seu alter ego drag, provocando uma verdadeira eclosão de artistas essenciais da cena cultural LGBT da cidade, a Workroom procura incentivar cada vez mais que as drags tenham um espaço para apresentar a sua arte. Em parceria com a Workroom, o Alguém Avisa irá todas as semanas mostrar um pouco mais do trabalho realizado pelas Queens que se apresentam a cada sábado na Saturday Night Divas. Hoje você conhece um pouco do trabalho de Belle Z Boo que se apresenta neste sábado (16), a partir das 21h.

Belle Z Boo. ou Belle surgiu em um concurso de desenhos no Facebook, o Rupaul’s Paper Race, dali em diante foi uma transição bem natural, a personagem já existia e  para a artista foi incrível poder passar algo tão lúdico do papel para a realidade. “Brinco com o conceito de que a minha drag é, como o próprio nome sugere, uma entidade demoníaca imortal que transita de corpos em corpos, que de tempos em tempos assume novos corpos, novas formas e novas visões”, revela.

Sobre suas influências artísticas, Belle conta que sua principal influência, direta ou indireta, sempre foi o universo nerd, principalmente histórias em quadrinhos. “Sempre fui uma criança/adolescente/adulto nerd. Brinco que a Belle tranqüilamente se passaria por uma vilã bem classe B de X-Men. Dentro do universo drag cito com influências Cassandra Calabouço, Danny Cowlt e Milk”, afirma.

Sobre suas motivações, a drag diz que busca sempre: “A oportunidade de me expressar artisticamente, e quando falo me expressar artisticamente quero dizer, me sentir maravilhosa em diversas formas ao custo do desconforto e da inquietação de olhos mais “padronizados”. Mas Belle revela que enfrenta dificuldade, e que em cada ambiente novo em que se inseria havia sempre uma certa resistência em assimilar uma drag diferente dos padrões Drag Race que nos é vendido toda a vez que se pensa em drag hoje em dia. “Isso ocorre ainda, mas a proporção é muito menor”.  Os amigos são a principal fonte de inspiração e incentivo para a drag. “Tenho muitas amigas drags da cena de Porto Alegre, que é sim muito unida e sempre muito disposta a se ajudar e crescer mutuamente, é nelas que eu encontro apoio incondicional sempre”!

A artista encerra falando sobre as mudanças necessárias, e aponta que ainda é preciso haver mais consciência social do que é ser LGBTT e DRAG nos dias de hoje. “É preciso entender que devemos ser cada vez menos “pets” ou “palhaços de luxo” para a sociedade que nos vê como seres humanos de segunda linha, e cada vez mais sermos instrumentos de mudança e voz para a nossa comunidade. Antes da nossa ‘rapidinha’, pedimos para ela completar a frase “Alguém Avisa que…”, ao que ela finalizou dizendo: “Alguém avisa que drag é necessário, é transgressor, é importante e acima de tudo é arte viva”.

RAPIDINHA:
UMA PESSOA: EU!
UM LUGAR: Onde tenha wi-fi
UM OBJETO: Celular
UMA PALAVRA BONITA: Igualdade
UMA PALAVRA FEIA: PRIVILÉGIO
UM VICIO: Clown White
UM SONHO: Um mundo onde os cílios se colem sozinhos
PREGUIÇA: Colar cílios
PRAZER: Tirar os malditos cílios
RAIVA: Quando os malditos cílios não ficam colados iguais
FELICIDADE: Um potão de Clown White novinho em folha.
TRISTEZA: Pessoas que se usam dos seus privilégios para calar a voz daqueles que não tem as mesmas oportunidade.
MEDO: Ter minha voz calada.
DRAG: Subversão

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