ARTISTAS DE PORTO ALEGRE HOMENAGEIAM A ATRIZ E ETERNA DIVA: ROGÉRIA

A atriz Rogéria morreu na noite desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, aos 74 anos. Nascida Astolfo Barroso Pinto (homenagem ao avô) em Cantagalo, interior do Rio de Janeiro, em 25 de maio 1943, sabia desde criança que era diferente. “Pequena, andava pela casa da família com um pedaço de pano fazendo as vezes de cauda do vestido. Mas brincava com os meninos – e batia em quem a ameaçasse”, segundo consta em sua biografia. Como nenhuma outra, Rogéria se destacou em diferentes áreas. Os shows de vedetes a levaram para o exterior. Passou por Angola, Moçambique, Estados Unidos, Espanha e França. No Brasil, recebeu, em 1979, o Troféu Mambembe pelo espetáculo O desembestado, que encenou com Grande Otelo. Recentemente, também fez parte do projeto “Divinas Divas”, documentário de Leandra Leal sobre uma geração de travestis e transexuais que, durante a ditadura militar, transformaram o entretenimento nacional com um novo gênero de teatro que encantou todo o país.

Ela que certamente foi inspiração para muitas divas, deixa saudades em outras estrelas que a admiravam. O jornalista e colaborador do Alguém Avisa Antônio de Marchi conversou com as artistas Glória Cristal, Valéria Houston e Cassandra Calabouço que comentaram sobre a importância de rememorarmos estes ícones que abriram portas para que muitos artistas hoje possam ser o que quiserem.

Glória Cristal que teve a oportunidade de conhecer Rogéria anos atrás, comenta que ela era uma pessoa incrível. Além de apresentar alguns shows da artista em Porto Alegre, Glória também teve a oportunidade de participar de algumas apresentações com ela no Rio de Janeiro. E confessa que desde o começo da sua carreira Rogéria sempre foi um ícone pra ela. Segundo Glória: “Ela influenciou toda a minha geração. Ela conseguiu desconstruir e lutar na época da ditadura e, principalmente, se afirmar, independente da identidade de gênero. Eu brigo muito quando as pessoas dizem que a Rogéria não era uma ativista. O simples fato de ser Rogéria, já é levantar uma bandeira. Já era o ativismo que ela fazia sem saber. Uma vez estávamos conversando e ela disse: eu muito corri da polícia, quase apanhei, pra ser o que sou hoje, a Travesti da Família Brasileira. E é isso que eu sonho pra todas as travestis do Brasil. Que elas recebam o amor das pessoas”.

Divulgação – Site Valéria Houston

Valéria Houston comentou que “Rogéria foi muito controversa no meio LGBT, mas que é preciso pensar no legado que ela deixou, tanto quanto artista, quanto ativista. Uma pessoa que passou por duas ditaduras no Brasil e outra na Espanha e sobreviveu bravamente a tudo isso merece muito mais do que o nosso respeito, merece nossa celebração. Rogéria vive”!

Cassandra Calabouço finaliza dizendo: “a importância da Rogéria tem duas dimensões bem claras: social e artística. Ela foi a primeira travesti da história brasileira que conquistou espaço no teatro, na televisão e no cinema, em tempos onde não se falava em visibilidade, representatividade, muito menos direitos humanos para pessoas trans e travestis. Num país tão transfóbico como é o Brasil, Rogéria tem uma importância histórica, é e sempre será um ícone. Perdemos uma artista incrível, que cantou, dançou, atuou e encantou plateias por gerações. Perdemos uma atriz, perdemos uma guerreira, perdemos um ser humano de raro talento. O céu ganha uma estrela de brilho eterno e incomparável.

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