10 ANOS DEPOIS O FILME ‘FLORES DE 70’ DO DIRETOR VINICIUS CRUXEN SEGUE MUITO ATUAL

Há dez anos era lançado o filme Flores de 70 do jovem diretor Vinicius Cruxen, o filme reconta a história da Flower’s, a primeira boate destinada ao público gay em Porto Alegre, inaugurada no ano de 1971 e que durou até 1979. Com financiamento do Ministério da Cultura através da Secretaria da Diversidade Cultural, o documentário Flores de 70 conta com entrevistas históricas de Dirnei Messias e Laine Ledur, ex-sócios da Flower’s, e com assíduos freqüentadores da época, como o falecido apresentador Tatata Pimentel.

Flores de 70 faz um resgate da cultura GLBT porto-alegrense tendo como representante do início do movimento o clube Flower’s, que além de ter sido a primeira boate frequentada pela comunidade gay da capital gaúcha na década de 70, também possuía uma estrutura seguida até hoje pelas boates de mesmo segmento da cidade. Flores de 70 representou e ainda representa uma trama riquíssima em personagens e significação histórica, tanto para o movimento da diversidade sexual, quanto para a noite da Porto Alegre.

Conversamos com o diretor do curta, 10 anos depois, para saber qual a sua visão sobre o filme nos dias de hoje. Para ele, o filme é ainda muito atual porque de alguma forma “o período político era diferente mas não menos opressor do que o que estamos vivendo hoje, e parte desse contra movimento (evangélicos extremistas, por exemplo) tem tornando os locais de sociabilidade gay ainda restritos e especificamente localizados nas geografias das cidades. O Flores de 70 fala justamente sobre isso, sobre encontrar dentro de um único local a possibilidade de se viver e amar de forma plena, sem proibições ou constrangimentos.” Para o diretor é também importante rever o filme e se dar conta em tudo o que aconteceu. Para Cruxen, “cada vez estamos mais distantes de sermos um país tolerante as diferenças e com pessoas educadas a respeitar o próximo. Cada vez mais segregamos as minorias, o que gera um potencial de ódio e violência extremados. O filme fala sobre uma casa noturna que foi um marco histórico na comunidade gay de Porto Alegre, e 47 anos após as portas do “Flowers” terem sido abertas, rodeada de pressão pela ditadura militar, enxergamos um cenário atual muito triste, onde o poder do ódio é maior que o poder do amor, e isso não é sobre ser político, e sim, ser humano.”

Em uma antiga entrevista do diretor, quando do lançamento do filme, ele disse as seguintes palavras: “A importância desse documentário é a construção de uma auto-estima para a comunidade gay, pois essa é uma iniciativa que se propõe a mostrar para público em geral, não somente aos gays, que temos um passado. Mais que isso, que temos um passado de muito orgulho, paz, cor, festa”. Por isso mesmo 10 anos depois o filme e a frase dita por Vinícius são ainda tão atuais.

Flores de 70 conta com entrevistas de Nelson Oliveira, Laine Ledur, Dirnei Messias, Tatata Pimentel, Dani Dubois, Haquel la Porta, Zeca Martins, Silvino Pires e Rayfone. Roteiro e Direção de Vinicus Cruxen,
ass. De Direção de Diego Martins, produção executiva de Ana Laura Albornoz. Uma produção do Ponto de Cultura Somos, Comunicação, Saúde e Sexualidade.

Reveja o filme:

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