VALÉRIA HOUSTON EMPRESTA SEU CORPO E SUA VOZ À LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO

Valéria Houston ou Valéria Houston Barcellos nasceu Rodrigo Samuel Barcellos, em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, no dia 17 de dezembro de 1979. O nome de batismo, Valéria ganhou em homenagem ao capitão Rodrigo Cambará – um dos personagens mais corajosos e mais marcantes – do livro “O tempo e o Vento”, do escritor Érico Veríssimo. Seu contato com a música ocorreu desde cedo em festivais da região. Mas foi durante os anos 2000 que começou a trabalhar como “crooner” de um banda de baile chamada “Balança Brasil”. A rotina de shows, a experiência da noite, aliada à coragem da banda em exibir uma travesti no palco de diversas partes do estado, deu respaldo a cantora. Com a mesma coragem e determinação de Capitão Rodrigo de Veríssimo, “o menino que cantava com voz de menina”, enfrentou preconceitos, passando dificuldades, quebrou paradigmas até que decidiu assumir-se plenamente, a partir daí Valéria começou a ganhar notoriedade.

Em 2005, venceu o concurso de rainha gay do carnaval da cidade de Santo Ângelo, mesma época em que adotou o nome “Valéria Houston”. A cidade tornou-se pequena, era hora de voltar à capital, assim, radicou-se em Porto Alegre. Desde lá tornou-se referência artística no meio GLBTT, público que a projetou, mas também junto a públicos mais conservadores, sendo muito requisitada no sul e outros estados do país. Em 2012 participou do programa de talentos “Astros”, do SBT, sendo semifinalista e ganhando, assim, notoriedade nacional. Participou de eventos dos mais diversos e importantes desde ter sido convidada a cantar o Hino Nacional para autoridades do alto escalão da presidência, até apresentar-se no teatro mais importante do Rio Grande do Sul, o Theatro São Pedro. Hoje é presença garantida, requisitada e lembrada no meio musical, sendo referência para músicos dos mais diversos ritmos e gêneros.  Atualmente, divide-se entre Porto Alegre e Rio de Janeiro, encantando as duas capitais com sua arte.

Mas nem tudo sempre foi fácil, em 2015 a artista foi agredida durante o dia em um dos bairros bastante tranquilo de Porto Alegre. A agressão no entanto, ao invés de gerar medo, produziu em Valéria uma vontade de fazer mais, de tornar-se mais ativa no que diz respeito as questões de gênero.  Conversamos sobre o que a motivava a continuar lutando. Segundo a cantora, a arte é o seu modo de militar diariamente. Ao subir no palco ela empresta seu corpo não apenas a música, quando canta ela dá voz as inúmeras diversidades que não se sentem representadas. Por isso, Valéria acredita que é tão importante cada ato individual. Quando nos libertamos do medo, podemos começar a mudar pequenas coisas a nossa volta. Sobre o momento atual, Valéria acredita que “empatia é o sentimento que deve imperar”. Para a artista, “colocar-se no lugar do outro é essencial. Respeitar é uma premissa em meio a este caos e não devemos mais clamar por aceitação, devemos pedir respeito”. Como dica para o público Valéria sugere a leitura do livro BrTrans do ator Silvero Pereira.

Em setembro de 2017 a cantora lança o primeiro CD de sua carreira. Intitulado Sexo Frágil?, ele será lançado por meio das plataformas virtuais. Mas para quem quer ouvir um pouco do trabalho da artista, pode acessar o site.

E para encerrar Valéria diz: “Alguém Avisa que trans/lesbo/homo fobias são “uó”!

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